Eis, meus grifos, prometidos aqui. O post tá meio grande, gente! Sorry, mas não resisti. Alencar é maaaaara!
Senhora, de José de Alencar!
** Mas a serenidade que se derramara por toda a sua pessoa, se de alguma sorte desmaia a cintilação de sua beleza, a embebe de um fluído inefável de meiguice e carinho, que a torna irresistível.
Autor falando da beleza de Aurélia
** Sentiu então Aurélia essa quietude que sucede às lutas do coração. Ela tinha afinal resolvido o problema inextricável de sua vida; e em vez de abandonar-se ao acaso e deixar-se levar pelo turbilhão do mundo, achara em sua alma a força precisa para dirigir os acontecimentos e dominar o futuro.
Aurélia quando resolve o “negócio” do seu casamento
** Aqui tem minha mão; é tudo quanto posso dar-lhe. A mulher que ama e que sonhou, essa não a possuo. Mas se o senhor tiver o poder de realizar, ela lhe pertencerá absolutamente como sua criatura. Acredite que esta é a esperança de minha vida, eu a confio de sua afeição.
Aurélia para Fernando no noivado
** Ah! Deixe-me respirar! Nunca fui amada, nem pensei que seria com tamanha paixão. Careço de habituar-me aos poucos.
Aurélia para Fernando por causa dos seus excessivos galanteios (é amor, Aurélia!)
** Representamos uma comédia, na qual ambos desempenhamos o nosso papel com perícia consumada. Podemos ter esse orgulho, que os melhores atores não nos excederiam. Mas é tempo de pôr termo a esta cruel mistificação, com que nos estamos escarnecendo mutuamente, senhor. (…) Entretemos na realidade por mais triste que ela seja; e resigne-se cada um ao que é, eu, uma mulher traída; o senhor, um homem vendido.
Aurélia para Fernando logo após o casamento (cruel, muito cruel!!!!)
** Parecerá estranha essa paixão veemente, rica de heróica dedicação, que entretanto assiste calma, quase impassível, ao declínio do afeto com que lhe retribuía o homem amado, e se deixa abandonar, sem proferir um queixume, nem fazer um esforço para reter a ventura que foge. (…) Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica, de cuja investigação nos abstemos; porque o coração, e ainda mais o da mulher que é toda ela, representa o caos do mundo moral. Ninguém sabe que maravilhas ou que monstros vão surgir desses limbos.
Autor falando de como Aurélia aceitava resignada o afastamento de Fernando após o casamento.
** O casamento é geralmente considerado como a iniciação do mancebo na realidade da vida. Ele prepara a família, a maior e mais séria de todas as responsabilidades. Atualmente esse ato solene tem perdido muito de sua importância; indivíduo há que se casa com a mesma consciência e serenidade, com que o viajante aposenta-se em uma hospedaria.
** Se o homem a quem amava, se ajoelhasse a seus pés e lhe suplicasse o perdão, teria ela forças para resistir e salvar a dignidade de seu amor?
Aurélia pensando sobre…(ó dúvida crueeeel!)
** Então reconhecia que a vítima de sua ira não fora o homem a quem detestava, mas seu próprio coração, que havia adorado esse ente, indigno de tão santo afeto.
Aurélia se dando conta do quanto sua vingança atingia a ela própria.
** Deixou-se aliciar por essa ilusão, embora estivesse bem convencido de que a veria dissipar-se de repente, e dolorosamente como as outras. Mas sua alma tinha necessidade de repouso e ainda mais do conforto de uma crença consoladora; abandonou-se àquela doce quimera e quis persuadir-se de que revivia um idílio de seu passado.
Fernando numa fase em que Aurélia o tratava com candura e afeto (mas era puro interesse dela 😦 )
** As pálpebras (de Aurélia) ergueram-se; os grandes olhos, cheios de luz e de amor, inundaram o semblante de Seixas, e cerraram-se logo levando-lhe toda a vontade e consciência, como uma onda que depois de espraiar-se, reflue, trazendo no seio tudo quanto encontrou em sua passagem.
Fernando, “enfeitiçado” por Aurélia
** Pois bem, agora ajoelho-me eu a teus pés, Fernando, e suplico-te que aceites meu amor que nunca deixou de ser teu, ainda quando mais cruelmente ofendia-te (…) Aquela que te humilhou, aqui a tens abatida, no mesmo lugar onde ultrajou-te, nas iras de sua paixão. Aqui a tens implorando teu perdão e feliz porque te adora, como o senhor de sua alma.
Aurélia no final do livro (Wow, que leeeeeeeeendo, doeu o coração!)